O recorrente problema da balneabilidade nas praias de Santa Catarina
O baixo índice de balneabilidade das praias de Santa Catarina tem sido um problema recorrente nos últimos anos, afetando a qualidade de vida da população e prejudicando a economia local, principalmente no que diz respeito ao turismo.
Este problema de balneabilidade é causado principalmente pela poluição das águas devido ao despejo e tratamento inadequado de esgoto doméstico. Esse fator contribui para aumentar a concentração de bactérias e vírus nas praias, tornando-as impróprias para o banho.
A situação tem sido agravada pela falta de investimento em infraestrutura adequada para a coleta e tratamento de esgotos e o controle da poluição, bem como pela falta de conscientização da população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos.
A balneabilidade é definida como a qualidade da água referente ao lazer e contato primário com água de praias, piscinas e corpos d’água em geral. A qualidade da água é monitorada regularmente para garantir que seja segura para o banho. Fatores como a presença de bactérias, vírus, e outros poluentes afetam a balneabilidade.
A avaliação da balneabilidade tem como objetivo controlar a qualidade das águas avaliando a presença de indicadores de poluição fecal e o risco potencial de se contrair doenças infecciosas a partir do contato com a água. A avaliação é feita por meio de análises de amostras de água coletadas periodicamente e enviadas a laboratórios especializados. No Brasil, a Resolução CONAMA n° 274/2000 estabelece os limites de balneabilidade para utilizando-se os parâmetros coliformes termotolerantes, coliformes totais, E. coli e enterococos, conforme tabela a seguir:
Balneabilidade |
Padrões para o corpo d’água | |
Própria | Excelente | Máximo de 250 CF/100mL(1) ou 200 EC/100mL(3) ou 25 Enterococos/100mL(4) em 80% ou mais das amostras das cinco semanas anteriores |
Muito Boa | Máximo de 500 CF/100mL ou 400 EC/100mL ou 50 Enterococos/100mL em 80% ou mais das amostras das cinco semanas anteriores | |
Satisfatória | Máximo de 1000 CF/100mL ou 800 EC/100mL ou 100 Enterococos/100mL em 80% ou mais das amostras das cinco semanas anteriores | |
Imprópria | a) Não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias | |
b) Incidência elevada ou anormal, na região de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicadas pelas autoridades sanitárias | ||
c) Valor obtido na última amostragem superior a 2500 CF/100mL ou 2000 EC/100mL ou 400 Enterococos/100mL | ||
d) Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer risco à saúde ou tornar desagradável a recreação | ||
e) pH <6,0 ou pH>9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais | ||
f) Floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana | ||
g) Outros fatores que contraindiquem, temporária ou permanentemente, o exercício da recreação de contato primário |
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(1) CF: Coliformes fecais (termotolerantes)
(2) CT: Coliformes totais (3) EC: Escherichia coli (4) Os padrões de enterococos aplicam-se somente às águas marinhas |
Em águas marinhas, ambos os enterococos e E. coli são considerados bons indicadores de balneabilidade, sendo utilizados para medir a presença de matéria fecal na água, o que pode indicar a presença de patógenos e tornar a água imprópria para o banho.
No entanto, algumas agências regulatórias preferem utilizar o parâmetro enterococos como indicador de balneabilidade, pois é considerado mais estável e resistente do que E. coli na água do mar, o que permite uma avaliação mais precisa da qualidade da água. Além disso, os enterococos são comuns na água do mar e estão mais diretamente relacionados aos patógenos de interesse do que E. coli.
Em regra, tanto os enterococos quanto o E. coli são usados para avaliar a qualidade da água em praias e outras áreas de recreação aquática. Em Santa Catarina, o monitoramento da balneabilidade é realizado pelo Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC), utilizando o E. coli como padrão. O IMA realiza sistematicamente desde 1976 o monitoramento de balneabilidade das águas em diversos balneários do estado. A frequência das análises de balneabilidade, em geral, é realizada mensalmente de abril a outubro e semanalmente de novembro a março.
O governo tem tomado algumas medidas para resolver essa questão, como a criação e aumento da frequência de programas de monitoramento da qualidade da água e a implantação de rede e estações de tratamento de esgoto, mas ainda há muito a ser feito. É necessário aumentar os investimentos em infraestrutura e educação ambiental para garantir a balneabilidade das praias de Santa Catarina, preservando a saúde da população, o equilíbrio do ecossistema marinho e o turismo sustentável.
Os resultados do monitoramento de balneabilidade do IMA podem ser conferidos em: https://balneabilidade.ima.sc.gov.br/
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